No dia 25 de abril, comemora-se o “Dia Mundial de Luta Contra a Malária”, data estabelecida em 2007 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para marcar o reconhecimento aos esforços globais para o controle efetivo da doença. Além das medidas direcionadas à redução de casos, outra ação essencial a ser lembrada é o acompanhamento de pacientes, bem como o monitoramento de eventos adversos provocados pelo uso de medicamentos utilizados no tratamento da malária.

Foto: Divulgação
No Brasil, a Anvisa atua nesse monitoramento por meio da Gerência de Farmacovigilância (GFARM), vinculada à Gerência-Geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária (GGMON). Os objetivos do trabalho são o aumento da segurança do uso de medicamentos, o estímulo à notificação de erros de medicação e a melhoria de processos de análise e de monitoramento de tratamentos de pacientes.
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Projeto-piloto
Com relação à malária, a GFARM/GGMON destaca a realização do projeto–piloto “Fortalecimento da Farmacovigilância e Adesão ao Tratamento da Malária na Região das Américas (VigilADMa)”. Desenvolvida pela Anvisa, Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a iniciativa envolveu também a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas, a Fundação de Medicina Tropical (FMT) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Manaus.
Os objetivos do projeto foram monitorar pessoas em tratamento, detectar possíveis eventos adversos, orientar sobre essas ocorrências e alterar o esquema terapêutico, quando necessário.
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Resultado do projeto
A malária é uma enfermidade potencialmente fatal causada por parasitas transmitidos às pessoas pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. Para tratamento dessa doença, um dos medicamentos utilizados é a primaquina.
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Porém, esse antimalárico possui um composto chamado 8-aminoquinolina, que causa efeitos adversos em quem tem deficiência da enzima glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD). As pessoas com esse quadro de saúde, ao tomarem a primaquina, correm risco de ter hemólise – rompimento da membrana das hemácias, que pode levar à necessidade de transfusões sanguíneas e até mesmo ao óbito.
Ao todo, 1.062 pacientes foram entrevistados por meio de um questionário sobre os efeitos adversos da primaquina, o que permitiu identificar três pessoas com deficiência de G6PD. Em seguida, o esquema de tratamento delas foi alterado e elas puderam se curar da malária sem necessidade de transfusão de sangue ou outro agravamento do quadro.
Para a GFARM/GGMON, a iniciativa deve ser expandida, passando a ser uma ação de monitoramento contínuo, uma vez que existe a necessidade da vigilância ativa dos medicamentos usados no tratamento da doença. Além disso, é fundamental promover um maior entrosamento entre as equipes de assistência e vigilância, como forma de reduzir a subnotificação de eventos adversos.
Além da diminuição da subnotificação, há a necessidade também de ampliar a qualidade da informação, de forma a auxiliar na prevenção de eventos adversos que, por vezes, deixam de ser relatados e, por isso, causam abandono dos tratamentos.
Orientação ao paciente
Para ajudar a fortalecer a farmacovigilância e aumentar a adesão ao tratamento, foi criado um envelope e um vídeo com informações simples sobre o tratamento e efeitos adversos. Quando uma pessoa era diagnosticada com malária, o profissional de saúde entregava o envelope e explicava tudo sobre o tratamento, além de pedir autorização para incluí-lo no projeto.
A partir daí, o paciente passava a receber mensagens de SMS via celular para lembrá-lo de tomar corretamente a medicação e, após três dias do fim do tratamento, ele recebia uma ligação que buscava identificar possíveis eventos adversos e referenciá-lo, se necessário, ao serviço de saúde.
Modelo para outros países
O projeto VigilADMa visa fortalecer a farmacovigilância de malária em vários países das Américas, o que se traduz em ações de monitoramento do uso de medicamentos e de eventos adversos – reações inesperadas ou indesejadas provocadas pelo uso de fármacos. No Brasil, as notificações são feitas pelo VigiMed, sistema da Anvisa destinado às notificações de eventos adversos, além de relatos de erros de medicação em serviços de saúde.
Sobre a doença
De acordo com o Ministério da Saúde, a malária é uma doença parasitária infecciosa febril aguda que ocorre principalmente nos países situados nas regiões tropicais e subtropicais. No Brasil, a maioria dos casos se concentra na região Amazônica, composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
O quadro clínico típico da doença é caracterizado por febre precedida de calafrios, seguida de sudorese (suor), fraqueza e cefaleia (dor de cabeça). A malária não é uma doença contagiosa, ou seja, uma pessoa doente não é capaz de transmitir a doença diretamente para outra pessoa. Para que haja a transmissão, é necessária a participação de um vetor, que, no caso, é a fêmea do mosquito Anopheles (mosquito prego), infectada pelo protozoário Plasmodium. Esse tipo de mosquito é mais abundante ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, é também encontrado durante todo o período noturno, porém em menor quantidade.