INVESTIGAÇÃO

Operações contra grilagem de terras e venda ilegal de carbono no Amazonas são deflagradas pela PF

A Polícia Federal escolheu a data do Dia Mundial do Meio Ambiente, especificamente, como símbolo de conscientização e repressão a crimes contra a flora e ao patrimônio natural da União


A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (05/06), duas operações com intuito de combater a grilagem de terras e venda ilegal de crédito de carbono no Amazonas. A Operação “Brazilian Cricket” teve o objetivo de reprimir uma organização criminosa constituída por uma família de grileiros que atua no sul do Amazonas, com participação de servidores do INCRA e outros envolvidos, e a Operação Greenwashing, que tem o intuito de combater uma organização criminosa suspeita de vender cerca de R$ 180 milhões em crédito de carbono em áreas da União invadidas ilegalmente.

Foto: Divulgação

As operações realizadas pela PF tiveram a data de hoje (05/06 – Dia Mundial do Meio Ambiente) escolhida, especificamente, como símbolo de conscientização e repressão a crimes contra a flora e ao patrimônio natural da União.

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Operação “Brazilian Cricket”

A PF está investigando uma família de grileiros que atua no sul do Amazonas, com participação de servidores do INCRA e operadores, responsáveis pela prática de fraudes em cartórios e em sistemas informatizados da União, além de estelionato e lavagem de dinheiro.

A investigação é um desdobramento da Operação Xingu, que, em agosto de 2023, prendeu um grupo de desmatadores, incluindo um dos condenados pelo assassinato da missionária americana Dorothy Stang. As investigações apontaram que essa família contou com o apoio de um técnico de georreferenciamento, um ex-oficial de cartório e de servidores públicos que manipulavam matrículas de imóveis e sistemas da União para legitimar propriedades privadas localizadas dentro dos limites da Floresta Nacional do Iquiri/AM.

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A operação mobilizou mais de 40 policiais federais nos estados da BA, AM e AC, que cumpriram três mandados de prisão preventiva e 18 mandados de busca e apreensão, dois deles na Superintendência do INCRA, em Manaus. Os investigados poderão responder judicialmente pelos crimes de associação a organização criminosa, falsidade ideológica, estelionato, peculato-eletrônico e lavagem de dinheiro, cujas penas somadas podem ultrapassar 20 anos de prisão.

Segundo a PF, uma das propriedades foi desmembrada e alienada a terceiros, gerando lucro superior a R$ 40 milhões para a Orcrim, cujos bens estão sendo objeto de sequestro judicial em um total de R$ 100 milhões. Entre os bens constritos, estão imóveis, veículos e uma aeronave.

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Conforme a corporação policial, o líder dessa Orcrim é o principal alvo da operação e também é considerado pela PF como um dos maiores grileiros atuantes hoje no sul do Amazonas. A estimativa dos agentes é que este grupo tenha grilado mais de 100 mil hectares de terras da União.

Além do líder (não identificado pela PF), outro envolvido no esquema apontado pela corporação é um ex-oficial de cartório em Pauini–AM, que neste momento encontra-se preso em Manaus–AM pelo envolvimento no homicídio de um advogado da família de grileiros, ocorrido no fim de 2023.