POLÊMICA
O pontífice causou um ‘embaraço diplomático’ com a Ucrânia ao falar sobre a grandeza da história russa
A participação do Papa Francisco na 10ª Jornada de Juventude Católica da Rússia, realizada via internet no último dia 25 está dando o que falar até os dias de hoje. Tudo por quê o Santo Padre fez uma declaração aos jovens russos que participavam do evento em São Petersburgo, afirmando que os mesmos tinham que se orgulhar da história e cultura do seu país. Os comentários receberam fortes críticas da Ucrânia, que está em guerra com a Rússia há mais de um ano, ao ponto de o governo ucraniano acusar o pontífice de estar fazendo propaganda imperialista.
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Esse não é o primeiro episódio de crise diplomática entre a Santa Sé (jurisdição eclesiástica da Igreja Católica em Roma) e a Ucrânia, muito por parte do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que nas várias vezes que o Papa se prontificou a mediar as negociações de paz entre os dois países, sempre não foi bem recebido em suas ideias, declarações e comentários. O que o governo ucraniano parece esquecer de ressaltar é que, nesta mesma declaração que julgam polêmica, o Papa também pediu aos jovens que atuassem como semeadores da paz e reconciliação, fora o fato de ter orado pelas crianças desaparecidas e pelos ucranianos martirizados dois dias antes.
O porta voz do Vaticano, Matteo Bruni, em nota afirmou que, o Papa Francisco em seu comentário ao citar os governantes como referências de determinados períodos históricos, ele só quis, de maneira improvisada, encorajar os jovens a promover e preservar tudo que há de positivo na grande vida cultural e na espiritualidade russa. Já a nunciatura da Igreja Católica em Kiev (Ucrânia), retrucou que o pontífice nunca encorajou ideias imperialistas como estavam o acusando, pois ele é um grande opositor e critico de qualquer forma deste regime, contra todos os povos e em quaisquer situações.
Em Moscou, o porta-vos do Kremlin, Dmitry Peskov, considerou às palavras do Papa gratificantes, ressaltando que Francisco conhece bem a história da mãe Rússia, enquanto que o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, disse que o Kremlin usa esse argumento para defender o assassinato de milhares de ucranianos. Enquanto os países que estão em guerra criam conflitos para brigar até por causa de declarações de quem só prega a paz, a imprensa italiana sinaliza que embora o confronto com Kiev possa ser difícil de suavizar, mas pelo menos o diálogo entre o Vaticano e Moscou parece se fortalecer após meses de tensões.