Um musical inspirado na dançarina de breaking olímpica Raygun foi cancelado horas antes de sua estreia, depois que advogados representando a atleta ameaçaram tomar medidas legais, disse a criadora do espetáculo nas redes sociais.
Steph Broadbridge, uma comediante australiana que escreveu e pretendia estrelar “Raygun: O Musical”, disse em um vídeo postado no Instagram que os “advogados da dançarina entraram em contato com o local e ameaçaram entrar com uma ação legal”.
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Em sua apresentação de estreia no estabelecimento Kinselas em Sydney, o musical paródia pretendia recontar a história da b-girl australiana Rachael Gunn, amplamente conhecida como Raygun, cuja performance na Olimpíada de Paris gerou inúmeros memes nas redes sociais, além de uma reação negativa contra ela e o esporte.
A dançarina de 37 anos realizou uma rotina que incluía um salto de canguru, um rolamento para trás e várias contorções com seu corpo enquanto deitada ou rastejando no chão. Ela não registrou um único ponto em suas batalhas olímpicas contra dançarinas dos Estados Unidos, França e Lituânia em agosto, perdendo por 18 a 0 em todas as três rodadas.
“Eles estavam preocupados que eu estivesse prejudicando sua marca, o que eu nunca faria”, disse Broadbridge, acrescentando: “Eles estavam muito preocupados que as pessoas pensassem que Rachael Gunn estava afiliada ao musical. Quero garantir a todos que ela não fará parte do show. Ela é muito bem-vinda para assistir; eu adoraria que ela visse”.
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Broadbridge disse que qualquer pessoa que tivesse comprado um ingresso seria reembolsada em 10 dólares australianos (R$ 39). A renda do evento originalmente seria doada ao Centro de Emergência para Mulheres e Meninas — uma instituição de caridade que apoia mulheres e crianças afetadas por falta de moradia, violência doméstica e desvantagem sistêmica.
Ela acrescentou que os advogados de Gunn registraram o pôster do musical, que apresentava uma silhueta do famoso salto de canguru da dançarina, e disse que não poderia executar aquela dança já que Gunn “possui” os direitos. “Essa me deixou confusa – quer dizer, isso é uma dança de nível olímpico. Como eu poderia possivelmente fazer isso sem nenhum treinamento formal em breaking?”, disse Broadbridge.
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O musical foi anunciado com músicas como “Você Pode Ser uma B-girl Mas Sempre Será uma A-girl Para Mim”, “Estou Quebrando” e “Eu Teria Vencido Mas Puxei um Músculo”, segundo sua listagem no Eventbrite. Essa listagem agora diz que o show se chama “Breaking: O Musical”.
A CNN entrou em contato com a equipe de gestão de Gunn na agência Born Bred para comentários. Em um comunicado à 7news, afiliada da CNN, a agência disse que “a equipe de gestão e jurídica de Gunn está comprometida em proteger sua propriedade intelectual e garantir que sua marca permaneça forte e respeitada”.
“Embora tenhamos imenso respeito pelo trabalho credível e esforço que foi dedicado ao desenvolvimento do show, devemos tomar as medidas necessárias para salvaguardar os direitos criativos de Rachael e a integridade de seu trabalho”, disse. “Esta ação não pretende diminuir as contribuições de outros, mas sim garantir que sua marca seja adequadamente representada e protegida em todos os empreendimentos futuros”.
Após o alvoroço, Broadbridge pediu desculpas a Gunn por “qualquer negatividade” que ela tenha recebido como resultado do musical e disse ao The Project que isso era “para ser eu tentando fazer você se sentir como o ícone que acredito que você pode ser na Austrália”.