Primeiro foram os incêndios que queimaram plantações de cana-de-açúcar. Agora, a pior seca em mais de quatro décadas ameaça as plantações de café e soja no Brasil. De maio a agosto, algumas áreas agrícolas importantes enfrentaram o clima mais seco desde 1981, de acordo com o centro de monitoramento de desastres naturais Cemaden.
E não há alívio à vista: não há chuva prevista por pelo menos mais duas semanas, período em que os cafeeiros costumam florescer e os produtores começam a plantar soja. A falta de chuvas representa riscos para o fornecimento de commodities agrícolas em um mercado global que se tornou cada vez mais dependente do Brasil.
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De acordo com especialistas, a seca prolongada em áreas que produzem café arábica, o tipo preferido pela Starbucks, provavelmente danificará os botões florais antes que as árvores possam florescer. A florada é um momento crítico para o café porque desenvolve os frutos que contêm os grãos. Os futuros de arábica já subiram mais de 30% este ano, e as perdas de safra no Brasil podem impulsionar a alta ainda mais.
Com o clima seco e as temperaturas altas, o principal estado produtor de cana-de-açúcar, São Paulo, está em alerta para mais incêndios neste fim de semana. Chuvas regulares típicas da primavera brasileira provavelmente virão só no final de outubro, conforme dados meteorológicos.
Chuvas abaixo da média previstas para setembro e outubro também podem levar produtores do Mato Grosso a adiar o plantio de soja até que a umidade melhore. Produtores que optarem por semear enquanto o solo ainda estiver seco podem ter que replantar. Atrasos na soja também podem afetar outras culturas que serão plantadas mais adiante na atual safra, após a colheita da soja, como algodão e milho.