A seca na Amazônia revelou dois novos canhões de bronze e uma bala de formato esférico, pertencentes ao antigo Forte de São Francisco, obra portuguesa do século 18. A construção, que se deteriorou após uma forte enchente em 1932, ficava localizada na margem do Rio Solimões, em Tabatinga (AM), a 1.106 quilômetros de Manaus.
A cidade amazonense é conhecida por compor a tríplice fronteira com Santa Rosa, no Peru, e Letícia, na Colômbia. A região era considerada estratégica pelos portugueses para a defesa do território reivindicado no lado brasileiro, o que explica a construção do forte, em 1776.
A nova descoberta dos artefatos bélicos aconteceu no último sábado, 14 de setembro, quando o cabo militar Alex Pontes, 29 anos, saiu à noite para pescar com amigos na região onde ficam as ruínas da construção portuguesa, próximo ao porto da cidade.
No dia seguinte, o grupo retornou ao local e levou o fotógrafo Rafael Amom-Ha para registrar o achado. Em novas buscas no terreno, os amigos encontraram um segundo canhão parcialmente submerso na água e uma bala de canhão com formato esférico, também enterrada.
O Forte de São Francisco está registrado no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). De acordo com o órgão, a construção era feita em madeira grossa e possuía nove peças de artilharia.
Do total, cinco haviam sido encontradas até agora. Duas estão no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, e três estão no Quartel do Comando de Fronteira do Solimões, em Tabatinga, onde há um museu sobre o Forte. A reportagem pediu um posicionamento ao Iphan em relação às novas descobertas e aguarda retorno.
A estiagem intensa que afeta a Amazônia pelo segundo ano consecutivo já havia revelado as ruínas do próprio Forte de São Francisco, como paredões de pedra e o resquício de uma escadaria ficaram expostos após o rio secar.